Atravessaremos Juntos as Grandes Espirais

Que boca há de roer o tempo? Que rosto

Há de chegar depois do meu? Quantas vezes

O tule do meu sopro há de pousar

Sobre a brancura fremente do teu dorso?


Atravessaremos juntos as grandes espirais

A artéria estendida do silêncio, o vão

O patamar do tempo?


Quantas vezes dirás: vida, vésper, magna-marinha


E quantas vezes direi: és meu. E as distendidas

Tardes, as largas luas, as madrugadas agônicas

Sem poder tocar-te. Quantas vezes, amor


Uma nova vertente há de nascer em ti

E quantas vezes em mim há de morrer.

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Biblioteca Poeta, 2025