Presságio: I

Stela, me perguntaram

se permaneces no tempo.

Se teu rosto de coral

e teus cabelos de pedra

ficarão indefinidos

no espaço, pedindo sol.


Ainda ontem te vi.

Olhar quase estagnado.

Descias azuis escadas

com aquele teu xale verde.

Aquele xale de Stela

parecia feito d’água:

verde aguado, verde aguado.


Debaixo dos teus dois braços

trazias rosas molhadas.


Aquelas rosas de Stela

e Stela me perguntando

se a morte é cousa que passa.


Stela, que desconsolo.

Não sabes onde termina

a aurora de tua presença.


No tempo, se é que existes,

só ficarás peregrina.


Como pesa: Stela e eu.

Biblioteca Poeta, 2025